segunda-feira, 3 de abril de 2017

Agulha Revista de Cultura | Fase II | Número 26 | Editorial


● A LÍNGUA, A REDE & O DOMÍNIO DA IMBECILIDADE


Não é mais a fé que nos pesca, mas a própria rede.

Ester Fridman

Esta edição de ARC elege um duplo editorial, pelo encontro coeso casual dos textos assinados por Floriano Martins e José Ángel Leyva, dois poetas parceiros em inúmeras atividades editoriais já há algumas décadas. Duas outras matérias, assinadas por Leda Cintra Castellán e Nicolau Saião, igualmente afinadas poderia constituir um editorial quádruplo. Também o que afirmam, singularmente, Ester Fridman e Jacob Klintowitz. Esta sinfonia de antenas regida pela magia da percepção torna algo especial este número 26 de nossa revista. Uma partitura que se completa com a valiosa colaboração de Alfonso Peña, Alcebíades Diniz Miguel e Maria Lúcia Dal Farra, um trio que, assim como os demais, já é parte de nossa imensa família. Sem esquecer a grandeza da obra plástica de Ana Mendoza, a quem pude entrevistar e cuja arte ilustra a totalidade desta edição. Vale ainda lembrar que atuamos na Net desde 1999 e que, somados os 70 números da primeira fase e os 12 números da entressafra em que a revista se chamava Agulha Hispânica, esta edição é, a rigor, a de número 108. E outra centúria nós garantimos que está a caminho.

Os Editores

FLORIANO MARTINS | A língua e a rede

As comunidades linguísticas são uma grande ilusão. Mas por vezes se definem por uma secreta reserva de totalitarismo. Comunicar-se em um mesmo idioma é uma vantagem de circunstância e não a base de construção de um mundo comum. Tampouco, por outro lado, o poliglota está apto a decifrar os grandes dilemas humanos. Comunidades linguísticas por vezes se investem de um falso carisma ao modo das comunidades religiosas. Ou de uma falsa solidariedade ao modo das comunidades científicas. Canadenses não se armaram de defesa linguística dividindo-se em face de seus dois idiomas oficiais.
O Brasil, a exemplo do Canadá e de todo o continente americano, era formado por inúmeros dialetos e durante os primeiros séculos de formação (não apenas de colonização) eram um ninho de múltiplos idiomas e dialetos, até o instante em que o Brasil se fecha em torno de um idioma oficial único, resultando hoje em um dos países com um intenso fluxo de desigualdade humana. Bom argumento em defesa da importância de expandir uma comunidade linguística além das fronteiras geopolíticas. O tema soçobra quando pensamos na América Hispânica, a maior comunidade linguística concentrada em um mesmo continente, sem que, no entanto, se tenha obtido ali o mínimo sinal de coesão social.
A União Europeia é um verdadeiro caldeirão linguístico, porém de algum modo foi o único espaço possível no planeta de acordo comum socioeconômico, ainda que repleto de falhas. A religião fragmentou a Europa infinitamente mais do que sua diversidade idiomática. A África é um caos social flamejante gerido pelos sucessivos saques da comunidade europeia, ou seja, a África continua sendo uma boa fonte de negócios da expropriação irrefreável. Os Estados Unidos da América, a começar pelo cinismo oportuno da própria denominação do país, são o único exemplo de um país colonizado que se tornou colonizador. Nem de longe pensou em erradicar o idioma de seus algozes ingleses. Ao contrário, dele se apropriou, o distorcendo de modo a simplificá-lo, empobrecendo-o, e impô-lo como moeda adicional a seus truques de conquistas. O gigantismo asiático também encontra na religião um fator de desagregação mais intenso do que na diversidade linguística.
Dos cinco países mais extensos do planeta o Brasil é o único cuja interferência linguística não constitui o menor empecilho para seu desenvolvimento. Não me refiro apenas a línguas oficiais. A comunidade espanhola nos Estados Unidos da América conforma um fator de risco para o funcionamento da máquina administrativa do país. O que não se dá com a comunidade japonesa no Brasil, uma das maiores do mundo. O idioma português foi disseminado pelo mundo sem que isto constituísse a conquista de uma unificação, nem mesmo idiomática. É bem outro o português que se fala parcialmente na Ásia, na África e na América, daquele que se mantém em sua matriz ibérica.
Do ponto de vista de sua expressão cultural a língua portuguesa é um curioso ninho de sociedades autóctones que não se comunicam entre si. Não há similaridades nas artes ou na cultura. Menos ainda um senso de infiltração, influência ou imposição. O mesmo se passa no caso do inglês, basta elencar países como Austrália, Estados Unidos e Escócia. O Caribe é um exemplo de região enfant terrible, onde as afluências linguísticas, por parte do período das colonizações, foram desmontadas e refeitas a bel prazer, de modo que são distintos, com acentos muito particulares, o francês, o inglês e o espanhol que ali se fala.
A religião despedaçou o planeta de modo mais incisivo do que a diversidade linguística. Há que reiterá-lo sempre. A ciência, mesmo a ciência da linguagem, opera de acordo com o ambiente em que se instala. A cultura será sempre a afirmação de certa alquimia de que os povos se utilizam para criar seus focos de identificação e diferenciação. A world wide web não é uma nova comunidade linguística. É, antes de tudo, uma formidável casa de encontros, onde são transparecidas as nossas mais singulares evidências, de todos nós, de todas as partes, não importa a língua que falemos.
Certa vez ouvi de um português que os brasileiros pusemos o idioma para dançar. Achei uma bela percepção do efeito de absorção da realidade. São muitos os acentos que se distinguem entre si que percebemos ao viajar pela América Hispânica. O argentino Jorge Luís Borges, criado em ambiente bilíngue graças à presença inglesa de metade da família, disse certa vez que os estadunidenses danificaram o inglês, o resumindo praticamente a uma verve monossilábica. Mas são dissonâncias que se misturam, que oras atendem pelo nome do preconceito, outras pelas inevitáveis variantes socioculturais. Há um caso que sempre o tenho na casa do admirável: o modo como Porto Rico, oficialmente parte dos Estados Unidos da América, resiste alimentando sua fantasia de país independente, e esta resistência, que encontra reforço visível no ambiente linguístico, para mim sempre esteve mais visível no fermento de sua cultura artística. O desastre político e econômico de Cuba não interferiu na grandeza de sua música. A música é a grande expressão artística de Cabo Verde e não há uma mínima relação possível com a tradição musical de Portugal.
Os exemplos se multiplicam à exaustão, como uma gangorra, onde afinal compreendemos que são outras as peças que compõem um lado e outro dessa mecânica das relações humanas. Agulha Revista de cultura, em momento algum, se preocupou com a deflagração de um palco afeito ou contradito a qualquer manifestação linguística. Antes de tudo tratamos de recordar que a world wide web não fala um idioma específico e menos ainda se interessa por romper os particularismos de cada idioma. Destacamos, portanto, que as artes não se afirmam pela defesa de uma comunidade e sim do livre arbítrio de uma personalidade.


JOSÉ ÁNGEL LEYVA | "La invasión de los imbéciles" en las redes sociales

Umberto Eco afirma, con mucha razón, que el tonto del pueblo tiene voz en los espacios cibernéticos como lo puede tener un Premio Nobel. Y sí, las redes sociales abren espacio a los imbéciles, como lo hacen los celulares o móviles y uno escucha en el espacio público las conversaciones más banales que se pueda imaginar. Todos quieren ser vistos y escuchados, desde el vendedor ambulante y el empleado más humilde hasta el Ministro de Estado. La tecnología democratiza la estupidez. No hablamos, gritamos. El espacio público, como internet, se ruralizan y cada quien, sobre todo en sociedades menos reglamentadas y corruptas como la nuestra (México—puede ponerse el país de su elección), la trasgresión y la imposición de verdades individuales son norma de la selva.
¿Los tontos salieron de los bares y entraron a eructar a las Redes Sociales? Quizás. Pero la imprenta también le dio la palabra a los imbéciles, como lo hizo la radio, la telefonía, el cine, y ahora Internet. La tontería o la trivialidad no podrán ser contenidas en un área restringida de la inteligencia comunitaria. El sentido común, la información, la sapiencia, y mucho menos la sabiduría tienen los mismos niveles de aceptación que tienen los tontos o "listillos" de la televisión. Por todos lados se escucha elevar el drama de una telenovela, de un Reality Show o de la vida futbolera a niveles de inteligencia superdotada. Los opinadores de Futbol son la materia gris del universo. La estupidez nunca ha tenido las puertas cerradas a los dominios del poder. Presidentes de Estado, ya no se diga monarcas, vienen y van dictando leyes y determinando destinos. La gente votará por los tontos para ocupar cargos públicos, les celebrará sus bufonadas, les dará categoría de iluminados.
La estupidez pues, no es privativa ni nació con las Redes Sociales, no es tampoco el régimen de la imbecilidad. Como la televisión, uno puede elegir o apagar. El problema entonces es que en esa elección, por extrañas razones, siempre gana la trivialidad, el exhibicionismo. Quizás la inteligencia debería de acampar más a menudo en los terrenos donde los tontos parlotean, gritan, se mueven con sus colores vistosos, se estacionan en doble o triple fila en las calles, se pasan los semáforos en rojo, dictan sentencias, extorsionan, tuercen las leyes, conducen naciones, incluso escriben libros.
Los tiranos escriben poesía, los fascistas son tiernos con sus hijos, el avaricioso da la vida por su perro, los defensores de animales piden la pena de muerte, y en las redes sociales se elogia la “belleza” antes que la inteligencia. Los buenos deseos en Facebook nada tienen que ver con las acciones, la pasividad y el narcisismo carcome las entrañas de quienes no ven o no quieren ver que, mientras tanto, unos pocos deciden sus destinos, que la virtualidad no es virtud ni el “amigo” es entrañable, que el humor no es carcajada, ni el chiste es ingenio. Las redes sociales son un instrumento de comunicación y de esparcimiento, de lucidez o de babeante pasatiempo. Son prisión mental o puerta de acceso a otras conciencias. No hay instrumentos buenos y malos, para idiotas y para sabios, el conflicto empieza en el uso, en su intención, en la ausencia de responsabilidad de quienes dejan en manos de los “listos” las herramientas de la enajenación. ¿Pero es entonces que los sabios dejaron de pensar, de cuestionar, de ironizar, de ver y de escuchar, de aprender?
Durante siglos, El Quijote de la mancha fue un libro intrascendente, una humorada popular que escocía el paladar literario y filosófico de más de un hombre iluminado. En la calle, en la muchedumbre, en lo popular, en el argot, en la asquerosa realidad con sus vomitivos contenidos televisivos, en la banalidad cotidiana, en los “like” y en los “guapísima (o)” de las redes sociales, en las dosis mínimas de genialidad de los twiteros hay lo que cualquier persona inteligente puede convertir en materia gris, en sustancia reciclable para pensar de otros modos. Si los imbéciles se apoderan de los espacios y de los instrumentos de comunicación es porque la inteligencia se declara incompetente. No hay obra trascendente, no hay memoria que no abreve en esas tumultuosas corrientes de apariencia tonta, en esos espacios de parloteo y de ruido, de leyenda, de oralidad. No es el elogio de la trivialidad y la estupidez, sino la defensa de un espacio donde también pueden darse cita los que piensan.

Zigmunt Bauman pone el dedo en la llaga cuando advierte que las redes sociales son –no dice pueden ser–, una trampa porque crean sustitutos de la comunidad, una falsa idea de la amistad y del activismo, un entretenimiento en el que nadie se mueve. Como le decía hace poco a un amigo que se dedica a la crítica literaria cuando apareció su foto junto a un artículo suyo. Nadie le expresó algo sobre la inteligencia vertida en su escrito, nadie elogió su agudeza mental, la mayoría manifestó que se veía guapo. La seguridad se apoya más en la idea de lo físico, en la apariencia, que en las ideas. Por ello es más fácil que el sujeto solitario que busca compañía y el eco de sus deseos represente el papel del actor ante su espejo: espejito espejito, dime quién es el… o la más… Si alguno de sus “amigos” disiente, si manifiesta lo que piensa o lo que cree y es contrario al eco esperado, el dueño de esa cuenta y de ese conjunto de nombres denominados “amigos” pasa a ser personan non grata y por tanto es borrado o eliminado. La intolerancia es entonces el símbolo más visible del individualismo y del confort “intelectual” que busca la mayoría de quienes no desean pensar, discutir, debatir, interactuar, pero sobre todo, pensar.


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ÍNDICE

ALCEBÍADES DINIZ MIGUEL | De analogias e do perpétuo choque da realidade (sobre Avalon Brantley)

ALFONSO PEÑA | Omar Castillo: cantata en los filos de la ciudad

ESTER FRIDMAN | Viagem através da linguagem – uma genealogia dos opostos

FLORIANO MARTINS | Max Harris e os pinguins mais irados da terra

JACOB KLINTOWITZ | Quantas vozes tem a humanidade?

LEDA CINTRA CASTELLÁN | A saga dos autores falecidos, seus herdeiros e editores

MARIA LÚCIA DAL FARRA | Novas Cartas para as Damas. Leitura de A Dama e o Unicórnio, de Maria Teresa Horta e de Vozes, de Ana Luísa Amaral

MARIA LÚCIA DAL FARRA: Um serviço de poesia: o Ofício e as Servidões de Herberto Helder

NICOLAU SAIÃO | A realidade do livro

SUSANA WALD | En busca de Laurette Séjourné (Inicio de un primer borrador)

Artista convidada | ANA MENDOZA | FLORIANO MARTINS | Ana Mendoza: el arte en movimiento





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Página ilustrada com obras de Ana Mendoza (Venezuela), artista convidada desta edição de ARC.

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Agulha Revista de Cultura
Número 96 | Março de 2017
editor geral | FLORIANO MARTINS | floriano.agulha@gmail.com
editor assistente | MÁRCIO SIMÕES | mxsimoes@hotmail.com
logo & design | FLORIANO MARTINS
revisão de textos & difusão | FLORIANO MARTINS | MÁRCIO SIMÕES
equipe de tradução
ALLAN VIDIGAL | ECLAIR ANTONIO ALMEIDA FILHO | FEDERICO RIVERO SCARANI | MILENE MORAES
os artigos assinados não refletem necessariamente o pensamento da revista
os editores não se responsabilizam pela devolução de material não solicitado
todos os direitos reservados © triunfo produções ltda.
CNPJ 02.081.443/0001-80







FLORIANO MARTINS | Ana Mendoza: el arte en movimiento


A verdade de uma obra está em seu corpo. Eis uma máxima fabulosa que nos envolve a todos. Em grande parte porque acreditamos que um corpo é só corpo. Um corpo, quando belo, não necessita alma. Mas há também os que defendem que a forma é a única porta de acesso ao mundo ulterior onde ela se liberta e define. Na criação artística não há aporte menos relevante do que aquele que busca uma verdade. Todos os mundos estão compostos por um sentido ambíguo, quando menos, que não permite a verdade se impor como uma deusa inquestionável. No mundo da criação nem mesmo a dúvida é um trono garantido. A verdade não se basta a si mesma. Fui surpreendido pelo encontro com a venezuelana Ana Mendoza (1974), e sua consciência dessa multiplicidade de almas que definem um corpo. Quando nos encontramos brincávamos com as formas, com um entrelaçamento metamórfico de muitos de nós, de muitas de nossas projeções. Quando ela me falou de seu carinho pela fotógrafa Francesca Woodman vi que ali estava mais do que uma atenção, pois ambas cuidam de forjar a existência a partir de um vislumbre. Francesca morreu muito jovem e a Ana nós desejamos uma vida longa. É muito importante o que ela vem realizando no interior de um país perdido de si pela alma rural que nunca soube dar o passo seguinte. Resta a dúvida: faltará alma ou corpo à Venezuela? Em meu diálogo com Ana Mendoza observamos que também em terras venezuelanas a arte compreende melhor a realidade do que a política.

FM | Empiezo por decirte que tu trabajo me recuerda mucho, pero con tu identidad propia, por supuesto, los escenarios preparados por fotógrafos como Jan Saudek y Sára Saudkova, igual que los tableaux vivents de los surrealistas. Háblame de tus contactos con esa ambientación en los dos ejemplos y dime cómo has imaginado esa mezcla de la fotografía, la pintura, la escultura y la representación teatral.

AM | Agradezco realmente tu valoración. El darme un lugar al lado de artistas que admiro y que notablemente marcaron la diferencia por su originalidad e innovación. En cuanto a la estética fotográfica he visto un poco de todo, es muy importante para mí la connotación de lo onírico dentro de la obra, lo que no puede captarse con la cámara pero que está presente en el imaginario, trato de representar una idea de todo aquello que mueve las emociones y lo que espero causar al espectador, eso que causa en mí, querer explorar mundos lejanos. Desde mi óptica soy cuidadosa en representar el color de los sueños, la calidez y el misterio de un desconocido infierno que puede ser perturbador y que se abre ante una realidad única en cada individuo. Me ha costado mucho la imitación, porque soy una mujer de ideas y sueños propios, que está en constante creación, vivo en defensa del amor y la belleza sin que tenga que definir perfiles para que estén dentro de un patrón de lo aceptable y lo cómodo. Una de las cosas que mayor satisfacción me trae es el poder mostrar mi creación totalmente nueva, aun cuando estoy consciente que somos una serie de imágenes, códigos, símbolos que nos definen de la apreciación de lo que más nos ha impactado y todo aquello que hemos vivido y no. Mi trabajo es una proyección de todo esto.

FM | ¿Cuál es tu formación espiritual?

AM | Crecí en un colegio católico de hermanas franciscanas y pude darme cuenta desde muy niña como puede manipularse al ser humano a través de doctrinas y religiones que deberían tener como función el crecimiento y la búsqueda del ser humano, aun si cuestionar que para algunos funcione estas creencias que para mí siempre fueron castrantes, el arte es un enemigo que atenta de manera callada a una sociedad de seres sumisos que se someten a quienes tienen agilidad para validar su verdad. Yo no puedo creer en filosofías y religiones que denigran al hombre, porque creo en un hombre con alma y pensamiento crítico.
Lo mágico y fantástico ha funcionado para mí, puedo admitir es muy poco lo que sé que no se nada. Solo me considero que soy afortunada por mis búsquedas y mis descubrimientos, por tener la gran curiosidad de todo lo que se mueve y no. Creo que todo hombre encuentra a Dios en el mismo, siento una gran atracción por tratados y manifiestos de grandes hombres y mujeres que de algún modo han brillado por su pensamiento. Creo en una conexión invisible con la naturaleza en y el entorno, con nuestra propia naturaleza, que me hacen pensar en la vida más allá de la muerte, en la muerte como procesos de ciclos que se cierran y se abren, creo que el nacimiento viene después de muchas muertes, y creo que uno muere y vive todos los días.

FM | Bueno, ¿y quién te inspira?

AM | La vida, mi gente, mis árboles que se mueven, se miran, se hablan, la poesía en todo.
Mis grandes afectos, mis seres amados, el amor, y la pasión por el color que nos impregna los poros. Además de los movimientos Impresionismo y Surrealismo, y los artistas: Alejandra Pizarnik, André Breton, Camile Claudel, Claude Cahun, Francesca Woodman, Juan Gelman, Man Ray y Vincent Van Gogh.

FM | ¿En qué circunstancias das a conocer el taller de Arte/Acción y cómo defines su proyecto, esa idea entrañable de un espacio en tres tiempos?

AM | Arte Acción nace para cubrir la necesidad de tener un grupo estable a partir del taller experimental permanente de jóvenes con intereses en la producción teatral, hacia lo que es el arte del silencio, la expresión corporal, el cuerpo como soporte, montaje de performance, fotografía, cuerpos pintados, poesía visual. Este es un proyecto totalmente en pañales, ha nacido como iniciativa de participación en I Congreso Internacional de Estudios Críticos Culturales, realizado en la Ciudad de Trujillo. Crear, Crecer y Creer, en vez de presentar una ponencia sobre el trabajo como investigadora quise hacer algo más interactivo, y le dimos el nombre Arte Acción. Espacio en 3 Tiempos maneja, el entorno físico, el espacio de lo imaginario y la perspectiva basados en obras de arte, autores, fotografías, iluminación, poesía. El Tiempo del a veces, El tiempo presente, el tiempo de los relojes, trabajamos con instalaciones performance y hacemos que el público sea parte e interactúe a estímulos visuales, sonoros, poéticos, reacciones, sentimientos, que afloren la sensibilidad y puedan vivir una experiencia que les muestre una puerta de entrada o salida, en su propia búsqueda de la sensibilidad.

FM | Dime cómo funciona el taller Fábrica de Personajes de cuentos.

AM | El taller es una idea de cómo podemos trabajar con niños y adultos partiendo del diseño y creación del personaje hasta su entrada en escena, vestuario, arte y expresión corporal, puesta en escena, relación con su entorno y relación con sus semejantes. Incentivar, la imaginación, el poder de creación de los soñadores, mundo mágico de los sueños, interpretación del personaje, trabajo en equipo, dirección de arte y diseño, trabajo en grupo. Como objetivo, crear un grupo permanente para la formación de niños y jóvenes con deseos de incursionar al teatro.

FM | ¿Cómo ha sido el resultado de este manejo con la puesta en escena, escenografía, arte y vestuario, además del incentivo de la creación colectiva, en especial el tema de los personajes?

AM | El resultado ha sido positivo, no imagine tal maravilla, aunque siempre creí en el proyecto los resultados me han mostrado estadísticamente la posibilidad de crear lo que no es posible experimentando con lo cotidiano, todo aquí puede ser una herramienta incluso siempre me recuerda a Cortázar cuando hacía referencia a que una mesa no tiene que ser solo una mesa. Partimos como ejemplo de un cuento escogido por los alumnos. Y de allí nos forzamos por apegarnos a la historia. Luego trabajamos con historias creadas por los niños. Y de allí partimos con personajes de características reales, cuanto, mide, contextura, tipo de cabello, manejo del espacio y el entorno con el resto de los personajes, para una composición visual que capture y atrape. Como parte del trabajo, trabajamos con dirección de arte en cuanto a escenografía y vestuario del personaje, realmente es un rico aprendizaje siendo tantos factores los que participan para que ningún detalle sea olvidado.

FM | ¿En esa relación con los cuerpos pintados y la desnudez de la piel, cómo es tratada la dimensión erótica?

AM | La desnudez es un tema complejo, dentro del arte es aceptable y natural no podemos pasar por alto la necesidad del ser humano de profundizar en cuanto a su esencia, el artista busca mostrar su alma, desnudarla, y esto es pura simbología. No es simplemente básico como quitarse la ropa, tiene un carácter mucho más significativo, el cuerpo no queda al desnudo al cubrirse de pigmentos. Hay una retroalimentación entre el artista y el modelo que desnuda su cuerpo para ser intervenido, incluso el artista cuando utiliza su cuerpo como soporte, lo erótico no puede ser anulado, desde la antigüedad el arte ha mostrado esta vinculación arte-eros, es allí cuando es el cuerpo quien habla por sí solo, quien sin expresar una palabra lleva el protagonismo, la sensación de los poros y de la piel que respira siente y hace sentir.
Nos traslada de lo visual a las emociones, la impresión que genera a los sentidos, debe tener gran atención por parte del artista para que exista equilibrio entre lo bello y el peligro de lo vulgar, que sea impactante y no chocante, más bien atractivo a nuestras reacciones. No se puede hablar de erotismo y de arte erótico porque son cosas muy diferentes, la sensación que se expresa a través de lo que aflora el cuerpo por medio de las sensaciones ya en si nos muestra nuestro lado sensorial, el que despierta la emoción, y no se puede tratar de manera individual si todo lo que busca movernos la fibra nos lleva a una dimensión erótica, no puede ser tratada como única sino como una composición, aquí no se trata de desnudo, de piel, cada uno de estos elementos son soporte el uno del otro, todos suman ya que se trata de que exista una proximidad entre el artista y el espectador, transportarlo a un mundo de ensueño.
                                                                                      
FM | Ya sé que el color actúa como un factor muy relevante en tu trabajo, que una parte muy destacada suya está involucrada con la conciencia del papel de los colores en nuestras vidas.

AM | La teoría de los colores de Goethe, además de ser un exquisito tratado en el que se describe lo indescriptible (la sensación que nos produce algo), nos hace concientizar que experimentamos el mundo desde un cúmulo de reacciones primitivas que a veces tomamos por sentado.
Goethe publicó este tratado sobre la naturaleza, la función y la psicología de los colores en 1810, y aunque fue descartado por gran parte de la comunidad científica, permaneció de gran interés para filósofos, artistas y físicos, incluyendo a Schopenhauer y Wittgenstein.
Uno de los puntos más controversiales de Goethe fue la refutación de las ideas de Newton acerca del espectro de color. Para el alemán la oscuridad es un ingrediente activo en lugar de una mera ausencia de luz.
Al igual que describir un sabor, describir la intimidad de un color es uno de los ejercicios más difíciles e interesantes a los que se puede abocar una persona. Y, además de que Goethe logró tocar por momentos el entendimiento de ese esquivo lenguaje del color, sus descripciones son atinadas e inspiradoras.
Somos seres que percibimos a través de los sentidos y por lo tanto al tomar conciencia de los colores y de cómo nos afectan, podemos llegar a balancear y sanar nuestros males con simplemente entender las frecuencias de los colores y cómo se relacionan con nuestro estado emocional.

FM | En uno de tus textos destaco que el hombre “está dotado de una imaginación activa, viaja por un gran desierto de hombres viajando”, y que él mismo “anda en la búsqueda de la palabra para llamar la atención”. Aquí naturalmente agrego que la palabra no es su fuente única de ese deseo potencial de compartir mundos, que hay otros elementos como el color, el sonido, el movimiento. Pero igual hay un truco mayor que es la mecánica de la percepción que regala sentido a las cosas, los actos, las ideas, las circunstancias. ¿Qué opinas sobre las fuerzas invisibles de la creación?

AM | Buscar el alma de las cosas así lo llamo yo, tan simple como eso, la necesidad del artista en encontrar dentro de la obra su propia satisfacción, en los objetos inanimados del día a día, en el imaginario de la línea del horizonte, en el placer de la creación constante cuando cierra el ciclo y firma la obra, en ese despertar de su propia sensualidad, en la ilusión de la paleta que maneja, en la intuición de las líneas. Todas las técnicas que pueda aportar a un artista como herramienta destreza y agilidad para mostrarse como un pavo real que abre su abanico de plumas y se desliza con tal elegancia para mostrar su belleza a la hora de aparearse, así sin explicación alguna no pueden ser otra cosa que la fuerza de la creación, esa fuerza que es el un acto de un mago que abre puertas a universos y constelaciones de universos.

FM | ¿Cómo ha sido la recepción de tu trabajo en tu país?

AM | Podríamos decir que en parte nos invisibiliza, nos ignora, creen no necesitarnos, porque no somos una prioridad, mi país se caracteriza por gente productiva trabajando mucho en pro de la cultura y el arte, y las instituciones que deberían promovernos, trabajan por su lado independientemente sin tomar en cuenta las necesidades reales de sus artistas. Debemos hacer más del doble, más del triple, es un trabajo sin cansancio día a día, debemos trabajar extra para pagar nuestras necesidades más básicas tener un trabajo para comprar insumos, sabemos que lo que hacemos con todo el amor del mundo solo puede traernos satisfacciones espirituales más que económicas, algunas veces eso que puede ser un don se convierte en una tortura, no hay mucho donde mostrar nuestro trabajo, porque deterioro en cuanto a lugares y los espacios donde nos manejamos, carecen de recursos para mantenerlos al menos. No es efectivo el trabajo de las instituciones porque al frente tienen personas que no tienen la sensibilidad ni la comprensión para atender las necesidades más básicas de los artistas. Yo he aprendido a hacer y a no quejarme. A trabajar con mucha fuerza a dormir menos horas a estar en todo lo que tiene importancia para que puedan entender de una buena vez que el artista es un ser revolucionario y esto no tiene que ver con nuestra realidad más apremiante, no hay manera de llegar a denuncia esto porque te bloquean y te conviertes en una piedrita en su zapato, y esto lo hemos visto a través del tiempo y de la historia, al igual que yo han luchado y trabajado seguramente en situaciones más complejas y difíciles. Siempre en vez de ser una queja, de ser un punto en contra trato con todo mi corazón en ser una puerta abierta, a las ideas, a la colaboración, a no quedarme de brazos cruzados y disfrutar y hacer la magia, creo que todo artista tiene ese sentido de sobrevivencia. Y pienso en los grandes artistas del siglo pasado, como hicieron la magia, aun con las guerras más fuertes, con las luchas sociales y políticas con sus ideales filosóficos, se mantuvieron por ser fieles a su sueños y a esta pasión que nos une. Creo en mi país y su gente y por eso no puedo generalizar ni cuestionar las razones de quienes sabotean desde adentro los procesos de crecimiento de un país. Venezuela es maravillosa, la gente es receptiva, respeta a sus artistas.

FM | ¿Qué sigues buscando mientras se mueve el tiempo? ¿Qué más planeas para este mundo tan sensible y revelador que has creado con tu entrañable expresión artística?

AM | Contribuir a fortalecer el pensamiento colectivo, crear conciencia de sensibilidad, a ser un ser humano con todas mis fuerzas apoyando a los más jóvenes para que nada de todo este esfuerzo quede bajo la mesa, quiero que cada joven defienda sus sueños por imposibles que parezcan yo toda mi vida en trabajado con mucha pasión por esto que amo, he tenido constancia, creo que esto hace que me levante, que abra las ojos, yo soy lo que siempre soñé, tengo tiempo para mí, para estar con las personas que amo, para tener la creatividad de unir los puentes, de colgarlos por todos lados de construir todo aquello que parece una locura, y dentro de mi locura creativa, tener una cuerda que mantiene viva. Ese hilo de cordura, pienso que el arte nos hace luminosos, no puede haber acto denigrante en él, es un estado de éxtasis que el ser humano no debe limitar. Inmensamente creo que lo que nos mueve como seres humanos es el amor, el amor a todo lo que se mueve y cobra vida por medio de la imaginación, de la poesía, del delirio creativo, de la realización de como proyectamos nuestras ideas y expresamos nuestros pensamientos.
Pero aquí menciono unos pocos proyectos nuevos:
1. No soy producto frágil (Violencia del Genero, feminismo partiendo desde la belleza más sublime y delicada, sutil puedo llamarla.
2. Activación de Arte/Acción
3. Presentación del libro digital Escarpines en el agua, de José Miguel Méndez, de quien tuve el gusto de ilustrar con mi obra, y fue diseñado por Azalea Editorial. Luis Ignacio Cárdenas.
4. Consolidación de la sede del Museo Salvador Valero.
5. Serie Fotográfica Tarot, parte de un poemario que se llama Teoría del Caos.

FM | ¿Olvidamos algo?

AM | Olvidamos el tiempo y las horas, un placer y mil gracias. Yo puedo estar horas, diciéndote que todo lo que hacemos debe unirnos, para mirar a los ojos con la mirada de transparencia para apoyar y tender la mano sin preguntarnos porque los demás cometen errores, encontrar esas actitudes que hacen maravillosas a las personas y poder valorarlas. Ser y dejar ser a los demás, debemos cerrar los siquiátricos, y abrir escuelas de arte, sería un gran proyecto y un privilegio amar a los locos, a los felices, a los poetas, a los pintores, a los que construyen lo invisible, a los anónimos, a los policía acostados decía mi hijo cuando era muy pequeño. Porque nos obligan a reducir la marcha, a bajar la velocidad nos aterrizan a los pensamientos de hacernos más vivos y de estar y ser parte.
Un GRAN ABRAZO, Floriano. Mi admiración a tu obra, mi respeto a tu trabajo.

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HOJA DE VIDA | Nació en Trujillo en 1974, Artista Visual, creativa, Diseñadora Gráfica, Lic. En Artes Plásticas, Mención Pintura poeta, pintora, Mercadologa (Medios Audiovisuales Publicidad Exterior) y Estatuismo, Muralismo, Arte Conceptual, Expresión y Arte Corporal Ana Mendoza se ha encargado como investigadora a estudiar la representación de la mujer como musa y como artista, especializándose en la obras paradigmáticas del arte de vanguardia del siglo XX, Arte y Patricardo y en la línea de Investigación Arte Terapia a dirigido su trabajo al Arte háptica, para personas con discapacidad Visual y Auditiva, también como los programas de Investigación teóricos prácticos van hacia la Cromoterapia y la influencia del color como herramienta para la comunicación de niños con espectro Autista- El poder del color sobre los sentimientos y terapias alternativas de color. Ha pertenecido a varios grupos literarios y artísticos, Directora de la Sociedad de Poetas Andrés Eloy Blanco Seccional Trujillo hasta 2012, Coordinadora del Programa de Arte Social de la Coordinación de Cultura del Estado, Creadora de “Poesía que se mira”, “Arte vivo”, entre sus trabajos cuentan exposiciones de Poesía Visual y Arte Conceptual integrando el Arte y Expresión corporal Texto-Imagen. Ana fue la creadora de Princesas Urbanas prestando total atención como ayuda a mujeres y familiares sobrevivientes de cáncer. Alumna del Maestro Simón Rojas Guevara, pertenece al Grupo de Investigación en estudios Critico Cultural Salvador Valero.
Creadora de Arte Acción Grupo de teatro experimental del silencio, Arte Corporal, Expresión y Movimiento desde el 2016.
Ilustradora Colaboradora de Escarpines al Agua de José Miguel Méndez Crespo 2017. Ediciones Azalea.
Creadora del  1 Encuentro Nacional de Arte Social a piel desnuda en Venezuela, Editora y diseñadora Web de: Trujillo Literario, Taritas Azules, Cristóbal Guerrero, La Santa Inquisición, Apuntes de Poesía Trujillana, entre los más destacados., participante desde Festival Mundial de Poesía desde la 4° Edición. Entre sus Trabajos cuenta con Pendiendo de un Hilo, Antes y Después, Imaginario tú, Azul, Meridiano, Desempeñó como Directora de la Escuela de Artes Plásticas José Humberto Contreras en la Ciudad de Valera. Directora Cultural de la Casa del Poeta Peruano en Venezuela. Participante de la 4 5° y 6° Bienal de Literatura Ramón Palomares, Destacada labor en la División de Literatura de y Medios Audiovisuales de la Coordinación de Cultura del Estado Trujillo. Trabajo Comunitario, Talleres de poesía, Arte, Pintura entre otros. Participante en el 2017 del I Congreso Internacional de Estudios Críticos Crear, Crecer y Creer. 2016 con Arte Acción. Refuerza Estudios de Género y Cultura en el Área de ciencias sociales y Arte. Creadora de los Ojos que nos miran 2016.
En sus proyectos más recientes: No soy Producto Frágil, Feminismo, desde una óptica que apela a la ternura y la belleza de lo femenino y su poder. Tarot, 2017. Teoría del Caos 2017. Taller de construcción poética y literaria “hablemos de jaulas” 2017.


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FLORIANO MARTINS (Brasil, 1957). Poeta, ensayista, artista plástico, editor e traductor. Dirige Agulha Revista de Cultura e el sello ARC Ediciones. Entrevista realizada en marzo de 2017. Página ilustrada con obras de Ana Mendoza (Venezuela), artista invitada de esta edición de ARC.

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Agulha Revista de Cultura
Fase II | Número 26 | Abril de 2017
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SUSANA WALD | En busca de Laurette Séjourné (Inicio de un primer borrador)


La de Laurette Séjourné es una imagen de madre para las mujeres de mi generación. Nace en 1911; Violeta Resinger, mi madre pianista, en 1908, al igual que Simone de Beauvoir. Otra figura materna es Remedios Varo, también de 1908. Esa generación de mujeres puso un esfuerzo en su vida y su trabajo que es la piedra fundacional de la realidad que más tarde se desarrolla con personas como Betty Friedan seguidas por el contingente enorme que hace explotar la realidad anterior y va formando la presente. Para la humanidad estas mujeres son fenómenos esencialmente importantes.
Laurette Séjourné  es una de esos fenómenos. Sus ideas me acompañan desde mi juventud. En mi madurez presente tengo la certeza de que conocerla mejor es de gran interés para la ciencia y también para el público en general. A Séjourné le tocó vivir un periodo muy duro del difícil siglo XX. Durante todas esas vivencias, a pesar de ellas y hasta los últimos días de su vida, se mantuvo firme en sus ideales y convicciones.
Me parece de candente interés salvar la imagen de Séjourné recogiendo todos los recuerdos posibles de quienes la conocieron y la amaron.

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Vivía y trabajaba en Santiago de Chile cuando sobrecogida de emociones leí su espléndido tercer libro, Pensamiento y religión en el México Antiguo. Escribí a la autora y Laurette Séjourné, sin conocer la joven veinticuatro años menor que ella que la contactaba, respondió el 16 de septiembre de 1964 con una nota cargada de sentimiento, envuelta en tonos de desánimo.

Querida Susanne (sic) Wald, su nota me ha conmovido profundamente; ¿Me creerá usted si le digo que —esta misma mañana, por primera vez desde que me dedico a esta extraña tarea— había sentido la angustia de la imposibilidad de poder comunicar vez alguna lo que descubro en este universo precolombino? ¿Y qué me he dolido de la esterilidad de todo mi trabajo? Con afecto, su Laurette.

Desde el momento mismo de recibir esta nota, escrita con letra menuda en la primera página de La simbólica del fuego, un sobretiro de la revista Cuadernos Americanos, estuve conmovida por el sentimiento que la animaba. ¿Qué era lo que provocaba que esta mujer cuyo trabajo estaba publicado por la prestigiosa editorial mexicana Fondo de Cultura Económica estuviera "dolida por la esterilidad" de su trabajo que yo percibía magnífico y pleno de significado? Tuve un instantáneo y durable deseo de conocerla mejor. Quería comprender por qué tendría ella esta sensación respecto a una labor tan profundamente conmovedora e iluminadora como la suya.
El desánimo que respiraba la nota debía estar provocado por alguna causa mayor, al punto de que quien la escribía mencionaba a una persona desconocida un estado emocional necesariamente íntimo. ¿Por qué le parecía que era imposible comunicar lo que descubría en el universo precolombino? ¿Qué causaba esta barrera en la comunicación? Era obvio que Séjourné era capaz de expresarse sin problemas. Eso se podía percibir en sus textos. ¿Estaría luchando contra fuerzas exteriores a ella?
Mi apasionamiento por la muy velada persona de Laurette Séjourné no ha mermado desde el momento mismo en que recibo esa primera nota que respira desesperación, desánimo, fatiga. Asocio el tono de esa nota al evento diecinueve años anterior, de enero de 1945, cuando ella intenta suicidarse.
Para esa fecha se ha producido un alejamiento entre ella y Victor Serge, su segundo marido. En la introducción para, Carnets, [1] libro de Serge, los recopiladores le citan:

Escribir para [meter al] cajón, a más de mis cincuenta años, ante un futuro oscuro y sin excluir la hipótesis de que las tiranías durarán más de lo que me resta de vida, ¿qué me da?

Y agregan los autores:

[Los] últimos años [de Víctor Serge] están marcados por el desgarramiento de la pareja y la enfermedad. Serge sufre de una condición cardiaca que hace más notoria le diferencia de edad: veintiún años separan a los esposos.

La primera idea que surge es que el gesto suicida de Laurette se debe a la depresión causada por el alejamiento de Víctor, su enfermedad y la diferencia generacional. Es posible, pero lo más probable es que se trate de un asunto más complejo.
Laurette debe trabajar para mantener a Víctor y a sí misma. Posiblemente le afecta el encuentro de culturas: la que ella trae consigo de Europa y la que encuentra en los mesoamericanos que la rodean. En sus escritos Laurette está claramente al lado de los derechos de los nativos indígenas, tanto en el tiempo de la llegada de los españoles como en la época en que le toca conocerlos. Pero hay elementos sutiles, asuntos profundos que surgen cuando dos culturas tan diferentes se tocan, o chocan, o se mezclan.
Laurette es mujer, en un país donde las tareas decisivas en lo político y lo social las llevan los varones. Es mujer, en una profesión en que predominan los varones. Está protegida por la sombra de los varones con quienes está casada, pero eso la lleva a la condición de "la mujer de", un situación en que se respeta la persona, la labor y las ideas de una mujer no por lo que son en sí, sino en función de su situación matrimonial. Tiene dueño, es intocable al igual que un mueble de colección. Esta condición la reconocen con facilidad las mujeres de su generación e incluso de la generación siguiente, pero no la perciben ni la sienten los varones. Para ellos ser "dueño" de la mujer agrega valor a su idea de potencia, de poder. Para la mujer en cambio es un peso constante, una sombra o una nube que la cubren en todo momento, aunque no las perciba en forma consciente.
La diferencia cultural la explica el mismo Víctor Serge cuando dice en una nota en que se refiere a los mexicanos:

Aquí los instintos priman sobre la psicología cuya existencia sólo la conocen los profesionales…

Y anota un par de detalles que fascinaron a André Breton cuando visitó México al que encontró el país donde todo lo percibía surreal. Este juicio suyo se basa en observaciones de la superficie de una realidad más profunda y cargada de problemas. Lo que ve Breton es aparentemente lo que busca el surrealismo, la unión de los opuestos. No hay tal unión, hay una situación de paralelismos irreconciliables. Eso lo menciona Serge cuando dice:

…la montaña árida está al lado de la ciudad, el cuchillo bajo la mano, la cólera bajo la risa; aquí la pasión elemental mata sin complicarse, la fe hace delirar y asegura el perdón, la codicia es el fuego, el amor es una violencia que calma; la muerte no es burguesa, es cercana y es negra y con sus dientes burlonas de calaveras, resucita el recuerdo de la danza macabra de Dürer — y no el de un catafalco topando con los crines con penachos que llevan el bello ataúd al [cementerio] Père Lachaise... Todo es tórrido, brutal, vehemente, simple — pero simple como la vida misma de tejidos carnales, henchidos de sangre, que no son sino carne y misterio: nada es cerebral.

Para el intelectual que viene de Europa, incluso con la mayor simpatía y admiración de todo lo que lo rodea en México esta condición que el mismo Serge subraya, esta falta del elemento cerebral es difícil de sobrellevar. La falta de lo cerebral quizás esté sobreestimado en Europa, pero eso cerebral es el elemento que rige todas las actividades e intenta ahogar las filtraciones de lo instintivo, de lo que viene del sentimiento.
En México la abundancia de la creación visual, de las artesanías, de la presencia de la música popular bien puede deberse al predominio de la actividad del hemisferio derecho del cerebro humano en detrimento del izquierdo. Cuando Séjourné y Serge, poco después de casarse viajan a Oaxaca en un especie de luna de miel, disfrutan y admiran, al igual que Breton, las manifestaciones de la cultura que no es cerebral. Ellos lo observan desde su condición de seres educados a la manera europea, y quizás no se detienen lo suficiente a considerar cómo los ven a ellos los seres cuyas vidas y costumbres están observando.
Luego cuando conviven con los mexicanos más enraizados en lo instintivo y emocional, cuando trabajan con personas que están embebidas de la cultura mucho menos lineal que la suya, surge el choque cultural. Ese choque afecta más a Laurette porque está también teñida por la discriminación contra la mujer que incluso setenta años más tarde permea la realidad, proyecta su sombra sobre las comunicaciones humanas.
Vale la pena observar que la nota de Serge y el intento de suicidio de Séjourné se producen en la misma época. Para entonces Serge lleva cuatro años en México y Séjourné tres. En sus vidas y en el cúmulo de eventos que viven este es un periodo de muchísimas emociones. La guerra, la huída necesaria para salvar la vida propia y de los dos hijos de Serge que traen consigo; la dificultad de sobrevivir, por parte de Serge sin poder vender sus textos ricos en matices; para Séjourné la dificultad de hacer trabajo de toda índole con tal de lograr lo mínimo para la sobrevivencia; las inevitables consecuencias de estar criando a una niña cuyas necesidades no se pueden postergar; la persecución estaliniana cuya sombra cubre las actividades de todas las horas de todos los días; los constantes destellos de información de muertes, desapariciones, enfermedades de intelectuales mayores que ellos y los de su generación. (En las notas de Serge vemos claramente la lista de "sus muertos". En el caso de Séjourné hay al respecto un silencio; tiene que haberle afectado la desaparición o muerte de personas cercanas a su sentir.)
Lo que mantiene la energía necesaria para ambos son sus pasiones creadoras: en el caso de Laurette, la arqueología; en el caso de Víctor la literatura, los artículos y novelas escritas; y para ambos los contactos con personas con quienes comparten ideales e intereses. También es aliciente poder recorrer, estudiar y conocer un país cuyas características los fascinan y preocupan. Características que observan tanto en la naturaleza, clima, topografía, e inmensidad del territorio como en la enorme variedad de sus habitantes.

NOTA
1. Víctor Serge, Carnets (1936-1947), Edición de la recopilación de Claudio Albertani y Claude Rioux, 2012, Argone, Marsella.



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SUSANA WALD (Canadá, 1937). Pintora, designer, traductora, ensayista. Aquí lo publicamos unas páginas inciales de un libro que sigue redactando. Página ilustrada con obras de Ana Mendoza (Venezuela), artista invitada de esta edición de ARC.

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